Pastoral dos Surdos
A Pastoral do Surdo é uma ação da Igreja Católica que tem como princípio e fundamentação a própria pessoa de Jesus Cristo e seu projeto de vida, relatado em Mc 7, 32-35:Anunciar Jesus Cristo às Comunidades de Surdos, presentes nos Regionais do Brasil através dos agentes de evangelização (catequistas e coordenadores);
Possibilitar aos surdos um espaço dentro da Igreja Católica, assumindo diversos serviços e de ministérios;
Dar testemunho de vida cristã dentro da Comunidade, buscando eliminar o preconceito, o individualismo e a discriminação, presente ainda hoje nas famílias, nas escolas, no mundo do trabalho e nas Igrejas;
Conhecer os meios de comunicação do surdo, particularmente a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), instrumento e mediação do diálogo com os outros e com Deus;
Respeitar a identidade e a cultura dos surdos brasileiros e de outras comunidades de surdos do mundo, a fim de valorizar a vida e todas as suas potencialidades.
Origem da Pastoral do Surdo no Brasil
São muitas as instituições e congregações religiosas, padres, bispos, religiosas, leigos que contribuíram, conforme o momento histórico e as possibilidades do momento, para a criação da Pastoral do Surdo no Brasil.
Contudo, podemos destacar duas personalidades marcantes nas origens da pastoral: Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier, 1º sacerdote surdo brasileiro, da Arquidiocese de Juiz de Fora/MG e Padre Eugenio Oates, sacerdote ouvinte redentorista, nascido nos EUA.
Desde a década de 1940, a pastoral buscou espaço na caminhada da Igreja. Mons. Vicente Pe. Eugênio foram os grandes discípulos missionários através das visitas às escolas, associações e igrejas onde existiam surdos.
Mais tarde, Padre Volmir Francisco Guiso, deficiente auditivo de Porto Alegre/RS se juntou a eles para colaborar no anúncio do Evangelho. Hoje mais dois sacerdotes, Pe. Hélio de Jesus, deficiente auditivo de São Luís/MA e Pe. Wilson Czaia, surdo de Curitiba/PR são testemunhas vivas de que a surdez não é obstáculo para viver o sacerdócio e dedicar-se integralmente aos surdos, mas sinal de superação dos desafios para pôr em prática os talentos, como dons de Deus.
Atualmente a Pastoral do Surdo está presente na maioria dos Regionais e através de um trabalho silencioso e eficaz. Os surdos têm a oportunidade de conhecer, celebrar e testemunhar Jesus Cristo na sociedade.
No Regional Leste II (Minas Gerais e Espírito Santo)
No Estado de Minas Gerais, na cidade de Juiz de Fora/MG viveu o apóstolo dos Surdos, Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier. Nascido em 02 de março de 1921, faleceu no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho de 2009. O trabalho do Mons. Vicente tem seguimento com o Pe. Carlos Arlindo (ouvinte, diocesano) Rua Pinto de Moura, 70 - Juiz de Fora (MG) Tel. (32) 9903 5826 - carlindojf@hotmail.com Há também uma Capelania da Pastoral dos Surdos em Belo Horizonte, cujo endereço é Rua Além Paraíba, 208 - Lagoinha CEP. 31210 - 120 - BELO HORIZONTE (MG) Obs.: Os surdos podem entrar em contato com o sacerdote: Pe. Jeová - Tel. (34) 8848 1594 (residente em Belo Horizonte)
Na Diocese da Campanha
Na Diocese, o trabalho está começando agora, com a formação da equipe diocesana, com encontros par apresentar a Pastoral do Surdo às paróquias, tendo como assessor diocesano o seminarista Mário da Silva Quirino Rabelo, que está cursando o 2º ano de teologia em Pouso Alegre, cujo contato se dá pelo email marioqrabelo@yahoo.com.br
A participação dos surdos nas celebrações nas comunidades
Os surdos devem participar de modo eficaz e consciente das celebrações e da vida da comunidade.
Os surdos, nas celebrações das eucaristias e demais Sacramentos (Batismo, Confirmação= Crisma, Reconciliação, Ordem, Matrimônio, Eucaristia e Unção dos Enfermos), podem, devem e têm o direito de participar de maneira ativa.
A presença dos intérpretes é necessária para a interpretação do sacerdote e das partes fixas (Rito Penitencial, Hino de Louvor, Profissão de Fé, Santo, Cordeiro de Deus), mas os surdos podem proclamar, em Libras, com intérpretes para os ouvintes, as leituras (1ª e 2ª), o Salmo Responsorial e as preces da Comunidade.
Não é necessário que o intérprete faça tudo, sem a presença eficaz do surdo ao seu lado. O surdo pode responder as orações do povo.
Como preparar o surdo para assumir a função de leitor na Missa?
Apresentamos os passos bem simples e concretos:
1) Apanhar o folheto da Missa do domingo seguinte ou buscar as leituras;
2) Solicitar a um intérprete ou mesmo um surdo que tenha uma boa formação acadêmica para preparar os textos da Missa;
3) Ler os textos, em forma de Oração e não fazer simplesmente como se fosse um dever escolar;
4) Pedir as luzes do Espírito Santo para a iluminação e a compreensão dos textos da Bíblia;
5) Ler várias vezes, se for preciso;
6) Redigir frases curtas e simples, com um vocabulário em que o surdo "veja" a Palavra de Deus e a guarde no seu coração;
7) O Salmo pode ser feito de modo simples, porque a Salmodia é sempre uma oração do Povo de Israel e há muitas palavras no sentido figurado e em forma de comparação;
8) Fazer a síntese ou um texto mais "enxuto" não significa fazer cortes e tirar ou diminuir as mensagens que o autor quis transmitir;
9) No momento da Liturgia da Palavra, ao mesmo tempo que o leitor ouvinte sobe até o ambão, o surdo dirige-se também para proclamar a Leitura. Se não terminar ao mesmo tempo com o leitor ouvinte, não é preciso ficar nervoso ou ficar preocupado por ter cometido falta grave. Termina a leitura e desça para o seu banco e em seguida, o salmista faz a oração do Salmo;
10) Importante que o leitor surdo esteja preparado para a proclamação da Palavra. Pode-se fazer um ensaio durante a semana ou horas antes da Missa ou de outro Sacramento;
11) A resposta para as preces da Comunidade pode ser essa: "Senhor, vê a nossa oração". Evitar os verbos escutar e ouvir;
12) Se a Celebração for apenas com a assembleia de surdos, pode-se deixar o momento da Prece Espontânea. Assim cada surdo poderá oferecer a Deus o seu pedido comunitário;
13) No momento da Leitura do Evangelho, fazemos 3 sinais da cruz:
a) na testa - para compreender e entender a Palavra proclamada;
b) na boca ou lábios (os ouvintes proclamam a Palavra com a voz, com a palavra falada). Os surdos podem fazer o sinal da cruz, nas duas mãos, pois o anúncio da Palavra é feito através da mãos dos surdos;
c) no coração ou no peito; para guardar e vivenciar a Palavra no dia-a-dia, na vida pessoal e comunitária da Igreja.
14) Pode ser feita a procissão com o Lecionário, antes das leituras. Pode ser um casal de surdos, de crianças ou de jovens surdos, sempre podem ser levadas velas acesas ao lado da Bíblia Sagrada;
15) A Procissão das Ofertas, pode ser levada pelos surdos: a patena com a hóstia, a galheta de água e a galheta de vinho. Seria bom não levar o cálice na Procissão, porque o cálice não é matéria para o Sacrifício da Missa. Leva-se apenas a matéria: hóstias, vinho, água. Outros símbolos podem ser levados em procissão.
ACREDITAMOS QUE OS SURDOS SÃO EFICIENTES E CAPAZES. NÃO DESPREZEMOS A CAPACIDADE INTELECTUAL DOS SURDOS DAS NOSSAS COMUNIDADES.
SE HOUVER UMA BOA PREPARAÇÃO E ESCLARECIMENTOS, OS SURDOS PODEM SER TESTEMUNHAS VIVAS DENTRO DAS CELEBRAÇÕES E DISCÍPULOS-MISSIONÁRIOS NO MEIO DA SOCIEDADE, ESPECIALMENTE ENTRE OS SURDOS.